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| Foto: David Álex / Som Jovem News |
A administração da Casa Branca está solicitando à NASA, a agência espacial dos Estados Unidos, que desenvolva um novo fuso horário para a Lua, denominado Tempo Lunar Coordenado (LTC, em inglês).
Devido à variação do campo gravitacional na Lua, o tempo transcorre de forma mais acelerada lá do que na Terra — aproximadamente 58,7 microssegundos a cada dia.
Embora possa parecer insignificante, essa discrepância pode ter um impacto considerável ao tentar sincronizar espaçonaves.
O governo dos EUA espera que o novo sistema horário facilite a coordenação das iniciativas nacionais e privadas para alcançar a Lua.
"A teoria fundamental da gravidade em nosso Universo tem uma implicação significativa: o tempo passa de maneira distinta em diferentes pontos do Universo", explica a professora Catherine Heymans, astrônoma real da Escócia (um título honorário).
"A gravidade na Lua é ligeiramente mais fraca, o que afeta o funcionamento dos relógios."
Atualmente, o tempo é medido na Terra por meio de centenas de relógios atômicos distribuídos em todo o planeta, que registram a mudança no estado de energia dos átomos para marcar o tempo em nanossegundos. Se esses relógios fossem colocados na Lua, ao longo de 50 anos eles estariam adiantados em um segundo.
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| Relógio Atômico 'Maser', década de 1950. Foto: BETTMANN/GETTY IMAGES |
"O tique-taque de um relógio atômico na Lua terá um ritmo diferente do de um relógio na Terra", afirma Kevin Coggins, alto funcionário do programa de comunicação e navegação espacial da NASA.
"É lógico que, ao explorar outro corpo celeste, como a Lua ou Marte, cada um tenha sua própria 'batida cardíaca'."
No entanto, a NASA não é a única a buscar a implementação de um horário lunar. A Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês) também tem trabalhado em um sistema de tempo lunar há algum tempo.
Será necessário, portanto, um acordo entre os países e a criação de um órgão centralizado de coordenação — atualmente realizada pelo Escritório Internacional de Pesos e Medidas (BIPM, na sigla em francês) para o tempo na Terra.
Atualmente, a Estação Espacial Internacional utiliza o Tempo Universal Coordenado, pois está em órbita terrestre baixa. No entanto, o mesmo não seria adequado para a Lua.
Outro ponto que os países precisarão acordar é onde o novo fuso horário começará e até onde se estenderá.
Os EUA esperam que o LTC esteja operacional até 2026, a tempo de sua missão tripulada à Lua.
A Artemis-3 será a primeira missão a retornar à superfície lunar desde a Apollo 17, em 1972. Está programada para pousar no polo sul da Lua, onde se acredita haver grandes reservas de água congelada em crateras permanentemente sombreadas.
Localizar e dirigir essa missão requer precisão extrema, até o nível de nanossegundos — erros na navegação podem colocar a espaçonave em risco de entrar em órbitas incorretas.
No entanto, a Artemis-3 é apenas uma das várias missões nacionais planejadas para a Lua, além de iniciativas privadas. Se o tempo não for coordenado entre elas, isso pode interferir na transmissão de dados e na comunicação entre espaçonaves, satélites e a Terra.
O que é um fuso horário?
O tempo é dividido em todo o globo em fusos horários usando linhas imaginárias chamadas meridianos, que vão do Polo Norte ao Polo Sul.
Uma dessas linhas imaginárias passa por Greenwich, em Londres, Reino Unido, que estabelece o Tempo Médio de Greenwich, ou GMT.
Os países a leste do Reino Unido (como o Japão) estão à frente deste horário base, enquanto os países a oeste (como o Brasil) estão atrás.
O Brasil possui mais de um fuso horário, mas a maior parte do país segue o fuso horário de Brasília, equivalente a menos três horas em relação ao horário de Greenwich, ou seja, é -3 GMT.
Isso significa que quando são 8h da manhã no Brasil, são 11h da manhã em Londres (a menos que haja horário de verão em algum dos países).

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